Objetivos
Monitorar o índice de infestação de pragas e doenças, nas lavouras buscando a redução de agroquímicos a longo prazo e a curto prazo aumentar os inimigos naturais dentro da lavoura.
Fatores chaves do MIPD:
A. manejo correto de plantas daninhas invasoras
Desde que que não entrem em competição com o cafeeiro em adubos, nutrientes e água sua presença visa a melhoria da temperatura, estrutura e teor de matéria orgânica do solo, e principalmente com sua massa verde, flores e pólen, que criam um ambiente propício para a reprodução e desenvolvimento de inimigos naturais.
B. preservação de matas ciliares, vegetação arbustiva e árvores de baixo porte entremeadas na plantação (fim de carreadores, bicos de terrenos, etc.), com a função de servirem de abrigo para construção de ninhos de vespas (principais predadores do bicho mineiro)
C. monitoramento das pragas e doenças chaves do cafezal para se determinar qual a percentagem de infestação nas diferentes áreas da propriedade, e só fazer o controle nas áreas onde o nível atingiu o nível de ação (nível a partir do qual se tem prejuízo econômico).
É importante frisar que o MIPD não defende o fim do uso dos defensivos agrícolas, mas sim o seu uso racional, sendo a ultima decisão tomada pelo agrônomo levando em consideração os dados levantados em confronto com o histórico da lavoura.
Sendo inevitável o uso de defensivos agrícolas que a opção seja dada para os de menor toxidade para impactar o ambiente o mínimo possível.
Meta
Somente a aplicação dos defensivos quando for atingido o nível de dano econômico.
Pragas
Descrição
Praga que se alimenta das folhas do cafeeiro, formando “minas” que provocam a queda das folhas. Ocasiona quebra na produtividade, podendo chegar até a 55%.
Os prejuízos são devidos à redução da capacidade fotossintética, pela destruição das folhas e, principalmente, pela queda das mesmas. Geralmente, os prejuízos aparecem na safra seguinte, em que desfolhas drásticas sucessivas tornam as plantas enfraquecidas, e compromete a longevidade das mesmas. dados experimentais demonstram reduções na produção que variam de 37% a 80%. Antes de 1970, esta praga era frequente apenas no período seco do ano, e seus prejuízos eram passados quase despercebidos. Posteriormente, passou a ocorrer, também, no período chuvoso. Em geral, a população de P. coffeella é maior em cafezais com maiores espaçamentos; portanto, mais abertos e arejados. Cafezais em regiões mais quentes apresentam maior número de gerações da praga, e, portanto, maior o risco de prejuízos. Assim, em São Paulo, na Paulista, Alta Paulista e noroeste, a praga ocorre de maneira alarmante, durante quase todo o ano. Por outro lado, na Mogiana e Sul de Minas, onde as temperaturas são menores, a praga aparece apenas em determinadas épocas e em níveis populacionais menores. São vários os fatores que afetam os níveis populacionais do bicho-mineiro, tais como inimigos naturais, temperatura, umidade, espaçamento, nutrição da planta (cafezais bem nutridos resistem melhor à praga), ciclo bienal do café, aplicação de cúpricos e outros produtos químicos (eliminando inimigos naturais de P. coffeella), cobertura morta (mulching, aumenta a emergência, pois as pupas são favorecidas pela umidade).
Controle biológico – no Brasil, o bicho-mineiro é parasitado por gran-de número de insetos (parasitoides); em outros países, alguns autores consideram que aplicações frequen-tes de fungicidas cúpricos e o uso indiscriminado de inseticidas alteram o complexo de parasitoides, e causa, consequentemente, explosões popu-lacionais de P. coffeella. Em certas regiões, os parasitoides de lagartas e pupas chegam a infestar entre 16% e 30% da população. os predadores são insetos sociais pertencentes à família Vespidae, que destroem as galerias de P. coffeella para se alimentar das suas lagartas. de três espécies re-feridas, a primeira – Brachygastra lecheguana – é a mais frequente, e em determinados locais, exerce bom controle da praga. duas das espécies – B. lecheguana e Polybia scutellaris occidentalis – retiram a lagarta pela face inferior da mina e a terceira espé-cie – Protonectarina silveirae – pela parte superior. A despeito do grande número de inimigos naturais, se faz pouco controle biológico nos cafezais brasileiros.
Controle cultural – A eliminação das ervas daninhas nos cafezais contribui para a diminuição da praga; portanto, é recomendada a capina, assim como deve evitar, também, o uso de coberturas mortas e culturas intercalares.• Resistência de plantas – Embora não sejam espécies comerciais, Co-ffea stenophylla e C. racemosa são resistentes à P. coffeella as quais são pesquisadas na Seção de Genética do iAC, com o objetivo de se transferir o caráter de resistência dessa espécie para os cultivares comerciais de café.
Controle químico – o nível de controle da praga é variável, em razão da época que ocorre. Assim, em locais onde o ataque se dá no período seco (julho, agosto), o controle inicia-se quando são encontradas 40 folhas com lagartas vivas, no total de 100 folhas amostradas (de preferência do terceiro ou quarto internódios e da parte média da planta). nas regiões em que o ataque ocorre no período chuvoso (dezembro, janeiro e fevereiro) o nível é de 20%. Em Minas Gerais, o nível de controle é de 30% nas regiões de clima ameno (como o sul de Minas) e de 20% em regiões se clima seco (como o triângulo e Alto Paranaíba).
Biologia:
Ovoposita isoladamente na face superior da folha
Lagarta com ciclo de 9 a 40 dias
Crisálida com ciclo de 5 a 26 dias
Ciclo completo de 19 a 87 dias ou seja (±20 dias a 3 meses)
Fatores favoráveis ao desenvolvimento da praga (= diminuição do número de dias para se completar todo o ciclo):
Altas temperaturas
Baixa umidade relativa
Baixa precipitação
Muito vento
Ocorrência:
Ocorre durante o ano todo, com mais intensidade no período seco.
Níveis de dano aceitável:
20 a 30% de folhas com minas vivas, ou a critério do Engenheiro Agrônomo por se tratar de uma região muito suscetível.
Nível de não controle: acima de 40% de folhas rendilhadas (presença de vespas).
Forma de Controle:
Realizar o controle químico/biológico com a aplicação de inseticidas específicos. Pode ser realizado controle preventivo com inseticidas sistêmicos via solo
Descrição:
É uma praga que provoca queda de frutos, diminuição de peso nos grãos brocados, perda direta de produtividade e da qualidade, diminuição da renda e aumento de café de varrição.
Por muito tempo, a broca-do-café foi considerada o principal problema sanitário da cafeicultura. Entretanto, com as alterações no sistema de cultivo do café, devido ao aparecimento da ferrugem, sua importância diminuiu bastante. Com a necessidade de mecanização para controle da ferrugem, os espaçamentos foram alargados, e desfavoreceu o desenvolvimento da praga, que prefere condições microclimáticas úmidas ocorrentes em cafezais fechados ou bem adensados.
Contudo, a broca-do-café é uma praga bastante prejudicial ao cafeeiro, pois ataca os frutos em qualquer estágio de maturação, de verdes a maduros (cerejas) ou secos. não se reproduz fora da semente do café; na entressafra, o adulto pode ficar abrigado nos frutos não colhidos, durante cerca de cinco meses, da colheita ao início da frutificação da nova safra.
Podem ocorrer até sete gerações por ano da praga, dependendo da condição térmica da região, pois o ciclo varia entre 21 e 63 dias, conforme a temperatura (27°C e 19°C, respectivamente). normalmente, a infestação começa a partir de outubro a dezembro, época conhecida como “trânsito da broca”, quando ela deixa os frutos que lhe serviram de abrigo para infestar novos frutos.
Assim, condições microclimáticas de alta umidade (ou seja, espaçamentos menores e de lavouras bem enfolhadas) favorece o aumento da praga. As chuvas podem antecipar o florescimento, e aumento populacional de H. hampei.
Os prejuízos são os seguintes: após a fêmea fazer o orifício na coroa do fruto, ela abre galerias na câmara de postura, onde surgem as larvas, que vão destruir parcial ou totalmente a semente, que resulta em grãos defeituosos, no café beneficiado.
Para se determinar o nível de controle, devem ser escolhidas 50 plantas por talhão. De cada uma delas, devem ser colhidos 100 frutos, 25 de cada face da planta. Estes frutos são misturados, para formar uma amostra única. Conta-se o número dos frutos que apresenta orifícios feitos pela broca na região da coroa. Quando este número representar de 3% a 5% do total, o controle da praga deve ser iniciado.
A amostragem deve ser iniciada na época do trânsito da broca (outubro a dezembro).
Controle biológico – Vespa-de-uganda, Prorops nasuta (Waterston, 1923); Hymenoptera: Bethylidae e o fungo Beauveria bassiana. A vespa foi introduzida na década de 1920 e não se adaptou às condições brasileiras. Entretanto, nos últimos anos, tem sido encontrada em nossos cafezais. O fungo B. bassiana é comum em anos chuvosos e frequente no orifício feito pela broca na região da coroa e são utilizados em algumas formulações comerciais de produto, para controle da praga. Este fungo é muito utilizado em outros países, como a Colômbia.
Controle cultural – Catação profilática dos grãos de café que ficam no chão ou na planta, após a colheita, para diminuição dos focos de infestação.
Controle químico – Para a broca-do-café, com a retirada do endossulfan (ciclodienoclorado) até julho de 2013, foram registrados apenas o organofos-forado clorpirifós e o etofenproxi (éter difenílico).
Biologia:
A broca necessita de umidade para sobrevivência até grãos se formarem, ou seja, em condições de inverno bem seco, teremos menor ataque da praga.
A broca perfura o grão na região da coroa, levando cerca de 4 horas para abrir a galeria no grão. A fêmea ovoposita na câmara de postura. Para tal ela abre diversas galerias em grãos diferentes, mas só ovoposita em um grão, cerca de 53 dias depois, quando a semente do mesmo estiver mais consistente. A proporção de grãos furados com broca e sem broca é de cerca de 30% e 60% respectivamente. (Ela não ovoposita em grãos aquosos e pastosos, tipo chumbinhos e chumbos, somente em grãos formados, no estágio chumbão). Este período de 53 dias, é o nosso período de monitoramento.
O aumento de temperatura diminui o seu ciclo e ela aumenta o seu número (nesta fase a chuva interfere na sua biologia, pois fêmeas, possivelmente virgens perfuram os frutos mas não ovopositam, além da diminuição da temperatura que aumenta seu ciclo) ciclo este que varia de 21 a 63 dias. OBS. Acasalamento dentro do grão, pois macho não voa e pode ter até 7 gerações no ano.
Ocorrência:
Permanece na lavoura de um ano para o outro em frutos deixados no chão ou na árvore, portanto, uma colheita bem-feita minimiza os prejuízos causados por esta praga.
Níveis de dano aceitável:
3% a 5%
Descrição:
As ninfas vivem no solo sugando as raízes do cafeeiro, o que provoca um definhamento acentuado da planta, podendo culminar com sua morte. Provocam elevada queda da produtividade da lavoura.
A praga tem preferência por lavouras adultas (com mais de cinco anos), instaladas em solos argilosos, muito embora também seja comum em solos arenosos. Devido à sucção da seiva pelas ninfas (du-rante pelo menos um ano), localizadas, preferencialmente, próximas à raiz prin-cipal (às vezes, entre 300 e 400 ninfas por cova), causa o definhamento progressivo das plantas nas épocas secas do ano. As folhas tornam-se cloróticas e, juntamen-te com flores e frutos, caem, enquanto as extremidades dos ramos secam. Estes sintomas muitas vezes são confundidos com deficiência de minerais ou déficit hídrico; entretanto, em ataques intensos, as cavidades e o solo ao redor da planta ficam constantemente umedecidos.• Controle por armadilha –denomi-nadas Ecospray F-65, essas armadilhas sonoras objetivam a captura de fêmeas adultas de Q. gigas, num raio de ação de 80 m, cobrindo 2 ha. devem ficar ligadas de 30 a 40 minutos por ponto de amostragem. o rendimento do levantamento por armadilha é de 20 a 30 ha/dia. os adultos (fêmeas) são atraídos pelo som de uma corneta (semelhante ao som emitido pelo ma-cho adulto) e são mortos por pulveriza-ção de inseticida em circuito fechado, que não atinge o ambiente. A utilização da armadilha deve ser feita durante o período de setembro a outubro.•Controle químico – utilizam-se os mesmos agroquímicos sistêmicos indica-dos para o bicho-mineiro, com aumento de 20% a 30%. A recepa (poda), depois de constatada a eficiência do controle químico (após altas infestações), pode ajudar na recuperação da planta. não se deve efetuar a poda antes da recupera-ção da planta, pois a perda de raízes, em virtude da recepa, se somará aos danos do inseto, com a morte de plantas.
Biologia:
Os machos produzem ruído, visando atrair fêmeas para a cópula. As fêmeas, aladas, adultas põem os ovos na casca dos galhos e ramos das plantas hospedeiras. Em poucos dias nascem as larvas (ninfas), as quais, pendendo por um filamento que excretam, descem e penetram no solo, indo localizar-se nas raízes.
Nas raízes, as ninfas moveis, que possuem aparelho bucal sugador, começam a sugar a seiva que depois de expelida também serve para amolecer a terra, facilitando, assim, ao inseto a abertura, com as pernas anteriores, de uma cavidade (câmara, célula, ou galeria) no sentido perpendicular ao ponto em que a larva se encontra.
As ninfas localizam-se, geralmente, nas raízes mais grossas e também na raiz principal, onde são encontradas até a profundidade de 1 m. O normal é encontrar a maior concentração delas nos primeiros 35 cm de profundidade, numa circunferência de 25 cm de raio a partir da raiz principal.
Terminada a fase de ninfa móvel, abandonam o solo abrindo uma galeria cilíndrica, individual, até atingirem o exterior, geralmente sob a parte aérea da planta. Sobem ao tronco do cafeeiro ou em qualquer outro suporte onde, depois de fixadas, passam para fase de ninfa imóvel, a qual dura aproximadamente duas horas, geralmente a partir do anoitecer. Terminada esta fase, rompem o tegumento no dorso, saindo o adulto, ficando no tronco a exúvia.
A fase de ninfa móvel, no solo, pode durar aproximadamente 2 anos. A mais importante espécie é a Quesada gigas, pelo tamanho (suga mais) e por ser 87% das infestações. Os outros 13% é da Fidicina sp.
Ocorrência:
As cigarras se reproduzem no início do período chuvoso, mas sugam a seiva do cafeeiro durante o ano todo.
Nível de dano aceitável:
Abaixo de 35 ninfas por cova (lavouras em cova), e 25 ninfas por planta (lavouras em renque).
Forma de controle:
Uso de inseticidas via solo. A época de aplicação é de outubro a dezembro, sendo suficiente, normalmente, uma única aplicação.
Amostragem:
Realizar amostragens de solo através de trincheiras abertas ao lado das covas. Realizar contagem do número de ninfas e multiplicar o valor encontrado por 2 (dois). Vale ressaltar que o controle preventivo do bicho mineiro via inseticida de solo é suficiente para o controle da praga da cigarra também.
Descrição:
Ácaro Vermelho - De tamanho bem reduzido, mas ainda visível a olho nu. Para ser examinado melhor, necessita de auxílio de uma lente de aumento de 10 vezes. Apresenta coloração avermelhada e se movimenta rapidamente. Ataca a parte superior das folhas do cafeeiro, especialmente nos ponteiros, onde raspam a epiderme foliar, perfurando as células e se alimentando do conteúdo celular, causando a perda do brilho natural das folhas, daí o nome de ácaro do bronzeamento. As folhas atacadas ficam com aspecto sujo, provocado pelo acúmulo de poeira, detritos e cascas da ecdise (troca de “pele”) na sua superfície, ficando retidos por finas teias produzidas pela praga. O ataque do ácaro vermelho tem início em reboleiras, podendo evoluir para toda a lavoura, limitando o crescimento das folhas e causando a desfolha, resultando no atraso do desenvolvimento de cafeeiros jovens. Os fatores predisponentes ao ataque do ácaro vermelho são a estiagem prolongada, uso de fungicidas cúpricos e de alguns inseticidas piretróides. Além disso, tem-se notado recentemente que o uso de inseticidas via solo utilizado para o controle simultâneo da cigarra e do bicho mineiro, como os neonicotinóides, pode provocar aumento populacional do ácaro vermelho, mas a pesquisa ainda não tem uma resposta conclusiva da causa deste aumento populacional. O controle deve se iniciar aos primeiros sinais do ataque, com pulverizações que sejam dirigidas para as reboleiras, evitando-se a eliminação de inimigos naturais que atuam no controle do crescimento populacional. Recomenda-se o emprego de produtos dos grupos avermectinas, antranilamida, cetoenol e enxofre. Da mesma forma que o BMC, infestações por ácaros em cafeeiros novos devem ser evitadas, pelos prejuízos de uma desfolha intensa.
Ácaro Branco - conhecido também como ácaro do chapéu do mamoeiro, ácaro das rasgaduras e ácaro tropical, é visível somente com auxílio de lentes de aumento e sua importância como praga do cafeeiro é bem menor se comparado ao ácaro vermelho. Se abriga em tecidos jovens, na parte inferior da folha, protegido dos raios solares. Sua presença só é percebida por conta de alguns sintomas, como redução de tamanho, enrolamento, encurvamento, deformação, rasgadura e seca das folhas. Seu prejuízo tem sido mais frequente em plantas jovens. Normalmente, o controle natural mantém reduzida sua infestação, dispensando controle químico.
Ácaro da Mancha Anular - conhecido também como ácaro da leprose dos citrus ou ácaro plano, sua importância está mais relacionada em ser o vetor responsável pela transmissão da mancha anular do cafeeiro. Essa doença viral, dependendo das condições favoráveis, como estiagem prolongada, pode causar grande desfolha às plantas. Maiores prejuízos com a mancha anular no cafeeiro têm sido relatados entre os meses de abril e setembro em regiões com invernos mais secos, sendo essas condições propícias ao seu aparecimento. Nas folhas aparecem manchas cloróticas, anelares, principalmente no sentido da nervura principal, as quais podem se juntar formando uma mancha alongada. Nas nervuras da área atacada aparecem, posteriormente, manchas necrosadas. Nos frutos verdes, durante a granação, aparecem manchas arredondadas e com tonalidades amarronzadas. Nos frutos maduros aparecem manchas arredondadas, cloróticas e amareladas, que aceleram sua maturação e prejudicam a qualidade da bebida.
Recomenda-se fazer o controle preventivo no ano seguinte ao do aparecimento da doença na lavoura, com acaricidas seletivos aos inimigos naturais do ácaro plano, em duas aplicações em alto volume. Fazer a primeira após a colheita, com as plantas ainda pouco enfolhadas para uma boa dispersão do acaricida em seu interior, e a segunda na fase de chumbinho (novembro/dezembro), de forma mais dirigida aos frutos para atingir a coroa e o pedúnculo, local de maior concentração da praga. Os principais grupos de acaricidas recomendados para o controle do ácaro da leprose são as avermectinas e cetoenol.
Ocorrência:
Os períodos mais secos do ano são favoráveis ao aparecimento do ácaro.
Nível de dano aceitável:
Deve monitorar em 3-5% de ramos com ácaros para inicio de controle. Ocorre que é difícil passar a lupa e encontrar ácaros com essa precisão. Adota-se, normalmente, o critério do histórico da região e da área e, no monitoramento, pode-se iniciar o controle quando se encontrar, com facilidade, sintomas do acaro + vírus.
Controle:
Uso de acaricidas específicos. Os fungicidas cúpricos aplicados para combater a ferrugem do cafeeiro Hemilleia vastatrix e os piretroides para combater o bicho-mineiro contribuem para aumentar a população desse ácaro.
Doenças
Descrição
Causada por um fungo, é a principal doença do cafeeiro. Possui fácil identificação por ser caracterizada pelo aparecimento de manchas amarelas translúcidas que aumentam gradativamente até́ formar um pó de cor alaranjada. Quando não controlada, provoca desfolha significativa nas plantas, secando ramos e prejudicando seriamente a produção.
Provoca intensa desfolha e má granação dos frutos, causando queda na produção no ano subsequente à aparição dessa doença, podendo chegar a 80% da safra.
Temperatura entre 20 e 24ºc, chuvas frequentes, alta umidade e espaçamentos fechados.
Época e condições favoráveis ao aparecimento da doença
Fatores que influenciam na disseminação da doença: clima quente e úmido, deficiências nutricionais nas plantas, ausência de luminosidade na lavoura, alta produtividade e utilização de variedades muito suscetíveis.
O período de infecção se estende entre os meses de dezembro a maio.
Monitoramento e nível de controle
Em função do alto potencial de prejuízo causado pela doença, é recomendável que se tomem medidas preventivas para evitar o seu aparecimento. Podem ser feitas amostragens que, quando atingem índices em torno de 5 % de infestação, indicam a necessidade de controle da doença.
Formas de controle
São medidas de controle da ferrugem: o controle genético (com a utilização de variedades resistentes); o controle cultural (através de espaçamentos mais largos, podas e desbrotas constantes) que permite o maior arejamento da lavoura; e o químico (com o uso de cobre e fungicidas específicos que podem ser aplicados via foliar e via solo). O controle químico deve ser realizado preventivamente através da aplicação de fungicida de contato e/ou sistêmica, via foliar ou solo.
Descrição
Popularmente conhecida como olho de pomba, é causada por um fungo e ataca as folhas e os frutos do cafeeiro. Nas folhas, os sintomas são o aparecimento de manchas circulares de coloração castanha clara a escura formada por um centro branco. Nos frutos, ocorrem lesões deprimidas e de cor escura forçando a maturação precoce dos grãos. Provoca queda acentuada das folhas e frutos e consequentemente da produtividade.
Ocorrem também com grande frequência em viveiros e plantios no- vos, atacando as folhas das mudas com os mesmos sintomas descritos anteriormente.
Os sintomas da cercóspora nos frutos de café possuem semelhança com os da leprose e de escaldaduras provocadas pelo sol. Saber diferenciá-la, é importante para fazer o diagnóstico correto.
A cercóspora gera prejuízos qualitativos ao café, pois a lesão que ocorre na casca do fruto adere-se à semente, causando diminuição no peso e no volume, além de provocar fermentações indesejadas.
Época e condições favoráveis ao aparecimento da doença
São condições favoráveis ao aparecimento da doença: clima úmido, temperaturas elevadas, alta luminosidade, deficiências nutricionais (principalmente de nitrogênio), produtividades altas, além de déficits hídricos.
Em lavouras novas, o frio e o excesso de ventos também podem influenciar no ataque da doença.
Manifesta-se com maior gravidade na fase final de granação dos frutos (dezembro a março).
Monitoramento e nível de controle
O monitoramento deve ser feito visualmente. Caso perceba a presença da praga, procure um técnico especializado para avaliar a necessidade de controle.
Coletar folhas /frutos do 3º ou 4º par de folhas, no terço médio da planta e de 100 a 300 folhas /frutos por talhão. Determinar o nº de folhas com cercóspora e fazer a porcentagem seguinte forma: % infecção= nº de folhas /frutos com cercóspora x 100/nº de folhas /frutos coletadas.
Formas de controle
O controle pode ser feito de forma cultural através da irrigação, do equilíbrio nutricional das plantas e de manejos que evitam o excesso de insolação nos cafeeiros (como arborização, espaçamentos adensados e adoção de alinhamentos de plantio que causem menores escaldaduras).
Pode ser feito também o controle químico através de fungicidas aplicados via foliar.
Utilizar fungicidas específicos e nutrição equilibrada da planta, preventivamente; ou quando atingir 3% de infecção.
*Adubações nitrogenadas requerem muito cuidado, pois o excesso de aplicação do produto pode induzir ao ataque de Phoma/ Ascochyta e a falta do nutriente pode induzir ao ataque de outras doenças, como a cercosporiose.
Descrição
A mancha de Phoma é provocada por um fungo que ataca as folhas, flores e frutos novos. Provoca manchas escuras nas bordas das fo- lhas mais novas. Quando encontra condições favoráveis à sua disseminação, causa sérios prejuízos à produtividade da lavoura, secando os ramos produtivos e causando o abortamento dos frutos novos.
A mancha de Ascochyta é considerada uma espécie de Phoma, cujos sintomas se diferenciam pela presença de anéis concêntricos e cor amarronzadas das manchas nas folhas.
Provocam elevadas perdas de produtividade devido à queda de flores e frutos e a seca de ramos produtivos.
Época e condições favoráveis ao aparecimento da doença
São fatores que influenciam no aparecimento das duas doenças: clima frio e úmido, presença de ventos constantes, além de danos mecânicos causados pela colheita, chuva de granizo e pelo ataque de lagartas. Ventos frios, chuvas de inverno e altitude elevada.
Ocorre com maior frequência entre os meses de maio e novembro (época mais fria do ano).
Adubações nitrogenadas em excesso tornam os tecidos das brotações novas mais tenros e susceptíveis ao ataque da Phoma e Ascochyta.
Monitoramento e nível de controle
O monitoramento deve ser feito visualmente. Caso perceba a infestação da doença, procure um técnico especializado para avaliar a necessidade de controle.
Formas de controle
Devem ser tomadas medidas preventivas e culturais, como a escolha de locais protegidos do vento constante e sem concentração de ar frio, com a utilização de quebra-ventos, adotando espaçamentos mais largos e o uso constante de podas.
Em locais onde a doença já está instalada, deve ser adotado o método químico com a utilização de fungicidas específicos. As pulverizações devem ser realizadas via foliar de forma mais rápida possível, em função da velocidade de propagação e do potencial de prejuízos financeiros que a doença pode causar.
*Adubações nitrogenadas requerem muito cuidado, pois o excesso de aplicação do produto pode induzir ao ataque de Phoma/ Ascochyta e a falta do nutriente pode induzir ao ataque de outras doenças, como a cercosporiose.
Descrição
Provocada pelo ataque de diversas espécies do fungo Colletotrichum, geralmente encontrado em associação com outros fungos e bactérias.
Provoca a queda de folhas, flores e frutos em formação. Nas lavouras já formadas, provoca a morte de folhas, seca de ponteiros e ramos laterais, diminuindo a área produtiva da planta.
Época e condições favoráveis ao aparecimento da doença
Condições meteorológicas anormais para o período do ano (exemplo: invernos chuvosos).
Condições de baixa temperatura e alta umidade e sempre em focos isolados na lavoura.
Monitoramento e nível de controle
Caso observe a presença da doença no campo, procure o técnico especializado para avaliar as medidas a serem tomadas.
Formas de controle
Deve ser evitado o plantio em áreas sujeitas a ventos frios. Realize o plantio de quebra-ventos, mantenha a nutrição equilibrada das plantas e faça o controle preventivo principalmente nos períodos de pré e pós-florada e na fase de chumbinhos (fase inicial da formação dos frutos), através da utilização de fungicidas específicos.
Descrição
Provocada por uma bactéria, tem como sintomas o aparecimento de manchas escuras com uma borda amarelada nas folhas; causa a desfolha das plantas, a seca de ramos produtivos e o abortamento de frutos em estágio inicial.
Em infecções severas pode provocar a morte de ramos produtivos devido à intensa desfolha que causa
Época e condições favoráveis ao aparecimento da doença
Os fatores que influenciam no aparecimento da mancha aureolada são os mesmos da mancha de Phoma e Ascochyta: clima frio e úmido, presença de ventos constantes, além de danos mecânicos causados pela colheita, chuva de granizo e pelo ataque de lagartas.
Facilmente transmitida pelo vento. Altitude elevada e ventos frios. Mais comum entre os meses de setembro e fevereiro.
Monitoramento e nível de controle
O monitoramento deve ser feito visualmente. Caso perceba o estabelecimento da doença, procure o técnico especializado para avaliar a necessidade de controle.
Formas de controle
Em função das condições favoráveis serem muito parecidas com as da Phoma/Ascochyta, as medidas preventivas e culturais a serem tomadas são basicamente as mesmas, como: escolha de locais protegidos do vento constante e sem concentração de ar frio; utilização de quebra-ventos, adoção espaçamentos mais largos e o uso constante de podas.
O controle químico normalmente é feito com a utilização de produtos a base de cobre e possuem eficiência razoável no controle da doença.
Amostragem de folhas:
· Amostrar 20 plantas por talhão;
· no terço médio da planta escolhida;
· escolher cinco ramos laterais ao acaso de cada lado da planta;
· retirar uma folha completamente desenvolvida e do 3º ou 4º par da folha por ramo;
· total de 10 folhas/planta (cinco de cada lado);
· total de 200 folhas/talhão.
Amostragem dos frutos:
· Amostrar 50 plantas por talhão;
· Primeira amostragem são os frutos maiores provenientes da primeira florada, são coletados no terço superior da planta e as demais são coletados no terço médio da planta.
· Escolher 4 ramos por planta
· Coletar 25 frutos/ramo no total de 100 frutos planta.